Tem alguém me ouvindo? Por favor?! Tem alguém aí? Eu sei que estou pedindo muito... O mundo não é mais o mesmo, eu não sou. Se o silêncio antes era enlouquecedor, as muitas vozes agora são. Caso pudesse escolher, estaria em uma profunda caverna ou em uma imensa floresta?

Não responda! Francamente, eu não vou ouvir. Mas para quem pensa na caverna porque não haveria competição, não se iluda, o vazio pode não aparentar forma, mas é muito poderoso. Às vezes acho que o verdadeiro poder está naquilo que não conseguimos ver. Por isso escolhi a floresta, sabe o que estes dois lugares têm em comum? Ecos, os meus ecos.
 
Em um período de silêncio, qualquer fala pode ser espalhada. Contudo, depois de um tempo na caverna, acho que me corrompi. Aquela sensação, minha voz! Os meus ecos! No fim, não conseguia mais conviver com isso. O que eu tinha... Tão pouco! E as paredes constantemente me lembravam disso. Na floresta, embora o cenário tenha mudado, o resultado era o mesmo! Não sou grande coisa, os céus são, o vento é.
 
As poucas vezes em que consegui me ouvir, só parecia mais forte por não estar sozinho. Ah, se não estiver sozinho... Quem eu poderia enganar? No fundo todos são. O que eu sou? Não sou Deus, diziam que me parecia com ele, mas não o suficiente. Contaram-me que vim do macaco, tentei conversar, todavia ele não me respondia.
 
Ao retornar à caverna havia apenas uma placa, o que não fazia sentido, pois estava escrito que agora a caverna estava dentro de mim. Já exausto, e quase sem forças, decidi gritar! Porém, todos ali optaram pelo mesmo: da folha seca da terra aos mais altos pássaros nas nuvens! E de tanto gritar... Alguns ficaram surdos. E é isso o que eu sou, é isso que me tornei, não sozinho, não completo, apenas ecos.

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A vida é como um eco, começa mais intensa, parece não estar sozinha, porém no fim, independente de quantos fiquem pelo caminho, ela continua. E só por que você não está ouvindo, não quer dizer que alguém não esteja.